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Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar
é preciso; viver não é preciso." Quero para mim o
espírito desta frase, transformada a forma para a casar com o
que eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é
criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só
quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu
corpo e a minha alma a lenha desse fogo. Só quero torná-la de
toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como
minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho na
essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de
engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da
humanidade.[1]
[1] Texto do livro Fernando Pessoa Obra Poética